quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Grandeza da dor‏



Para os terremotos a escala de Richter, para os furacões, a escala de Saffir-Simpson, para a força dos ventos, a escala Beaufort. Todas medem a grandeza do poder de estrago de cada força.

E para as nossas dores existem escalas?
Claro que não !! A sua dor não tem tamanho, não sai nas revistas, porque não dá para imprimir, nem no seu blog dá para exprimir, nem pintando com as mais variadas tintas, quem é que pode sentir o que você sente?

Por isso, não se demore na dor, não estacione nos pensamentos que te afligem, que te remetem ao momento onde ela nasceu, revivendo a cada instante a mesma sensação.

A perda, a angústia, o desespero, devem ser transmutados, sob pena de reviver, a mesma dor diversas vezes, e se já foi difícil passar por ela uma vez, imagine conviver com ela em flashback diariamente?
Derrame as lágrimas necessárias, desabafe mesmo, a dor represada forma um rio com águas paradas, e água parada apodrece, fede e cria bichos.

Mas depois do desabafo, do choro, do viver o luto, enterre o passado, conscientemente...deixe as águas correrem livres, porque o rio sempre busca o mar, e nós sempre deveremos buscar a felicidade, num eterno ir e vir, começar e recomeçar, não deixando a dor nos parar.

Porque somos feitos na exata medida do amor que desejamos viver!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Vai passar...




Sofremos muitas perdas importantes ao longo do caminho, mas podemos extrair aprendizado desses momentos e deixar que a dor, como tudo na vida, venha e vá. Texto: por Thays Prado, site http://bonsfluidos.abril.com.br


De vez em quando, a vida parece que saiu dos trilhos: um grande amor vai embora, uma pessoa querida morre, um amigo o trai, um filho se muda para outro país, o emprego de anos é perdido inesperadamente. Nesses momentos, fica difícil perceber qualquer coisa além da raiva e da dor e, por mais que muita gente lhe diga que a situação é passageira, a sensação é de que, dessa vez, vai durar para sempre. Acredite: tudo passa e tudo sempre passará, como diz a música Uma Onda, inspirada composição da dupla Lulu Santos e Nelson Motta.


Mas atenção: infelizmente milagres não existem e para sair do buraco você também precisa dar uma força. Afinal, em momentos difíceis, o que mais se ouve é que só o tempo e a paciência são capazes de curar tudo. Antes fosse! Engana- se quem espera que eles, sozinhos, façam alguma espécie de mágica e levem a dor para longe. Basta ver que, muitas vezes, os meses e os anos passam, mas o sofrimento não.


Como encarar a questão não é caminho dos mais fáceis. Algumas pessoas tendem a criar subterfúgios emocionais que dificultam o retorno da vida aos trilhos. Há aquelas tão racionais que só são capazes de entender os fatos por um prisma meramente intelectual e se tornam teóricas da própria dor. Outras se mantêm em uma situação de sofrimento perene, reclamam de todos ao redor, da vida ou do universo e exigem cuidados e atenção constantes. “Algumas pessoas permanecem apegadas a um luto patológico, à melancolia e jogam a responsabilidade sobre o outro”, explica a psicanalista Sylvia Loeb, do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo. “Elas ficam no papel de vítima a vida inteira para não precisarem sair do lugar, para não assumirem sua responsabilidade na briga, na separação, na perda do emprego, ou seja, diante de sua própria vida.”


Seja como for que você reage à situação, uma coisa é certa: ficar parada na estação é que não pode. É preciso agir sem demora. Uma alternativa para elaborar tantas emoções é falar, simples assim. Nessas horas, terapia pode ajudar muito. Se ao partilhar o problema com um amigo já ficamos aliviadas, imagine com um profissional, capaz de decifrar as entrelinhas do que dizemos. “Se o sentimento não for entendido, digerido e elaborado, pode sobrar tristeza, rancor e até doenças, que às vezes levam à depressão”, explica Sylvia. “Quando se vive um assunto de verdade e se processa aquilo, não é mais preciso falar, porque já passou.”


Deixe doer


Além de procurar um ombro amigo, também é essencial aceitar a dor como um componente do processo e não brigar com ela. “Quanto mais ela é combatida, mais dolorosa fica e mais demora a passar”, ensina o psicoterapeuta Fábio Oliveira, de Belo Horizonte. Para ele, o importante é entendermos que todas as situações que aparecem em nossa vida nos trazem um aprendizado e só nos resta procurar perceber o que aquele momento quer nos ensinar sobre nós mesmos.

O sentimento da dor é importante para nos mostrar onde está o problema e nos estimular a perseguir o caminho da cura. “Cada obstáculo, dificuldade ou perda é uma porta, uma entrada, uma possibilidade de mudança, um novo encontro.”

Amadurecer


A boa notícia é que, à medida que acumulamos experiências, é possível que fique mais fácil lidar com as inevitáveis perdas. Mais do que maturidade, o psicoterapeuta Fábio Oliveira chama isso de “maturescência”, pois enquanto vivermos estaremos numa longa jornada de amadurecimento e transformação, que consiste em aceitar que tudo, absolutamente tudo, tem início, meio e fim.