quarta-feira, 3 de março de 2010

Não tenho tempo...

Arranjei tempo para tudo, menos para conversar com você.
Percebo que você me rodeia, mas sabe, sou muito importante e não tenho tempo.
Sou importante para números, conversas sociais, uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar com você... Não, não tenho tempo! Um dia você veio para me contar uma história, não liguei, continuei lendo o jornal. Afinal, os problemas internacionais são muito mais sérios.
Fui para o trabalho e lá me perdi nas minhas tarefas... Claro! O meu trabalho é mais
importante do que qualquer outra coisa na minha vida!
Se que você não me entende, mas ... Não tenho tempo...
De que adianta saber as mínimas coisas de você se eu tenho outras grandes coisas a saber? Aliás, não reparo em quase nada, minha vida é corrida.
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora, no trabalho, na vida...
Sei que você se queixa, que você sente falta de uma palavra, de uma pergunta minha, de um corre-corre... Mas eu não tenho tempo...
Sei que você sente falta do abraço e do riso, de andar a pé até a padaria, para comprar guaraná, bala, bolo, de simplesmente "passear".
Sabe, há quanto tempo não ando a pé na rua? Não tenho tempo...
Mas você entende, sou um homem importante. Tenho que dar atenção a muita gente. Dependo delas... você não entende de comércio! Na realidade, sou um homem sem tempo! Sei que você fica chateado, porque as poucas vezes que falamos é
monólogo, só você fala. Quando você fala é para me dar bronca: quero
silêncio, quero sossego, você é chato, fala demais!!!
Não tenho tempo para ficar com papo-furado. Como é que vou parar para
conversar com você? Sabe, não tenho tempo, mas o pior de tudo, o pior de tudo é que... Se você morresse agora, já, neste momento, eu ficaria com um peso
na consciência, porque, até hoje, não arrumei tempo para você.
Quem sabe um outro dia? Uma outra hora? Num outro momento a gente
possa sentar, conversar, conviver?...

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